“O debate que hoje se desenvolve em torno do crescimento e das consequências da criminalidade portuguesa (...) nem sempre tem sido sustentado, no entanto, por elementos que permitam identificar, de forma sistematizada e abrangente, as principais características e tendências da realidade criminal portuguesa. A ausência, ou o pouco interesse pela pesquisa, de elementos que permitam conhecer, de forma mais rigorosa e objectiva, um fenómeno social tão complexo como é o crime tem-se traduzido, por vezes e infelizmente, no recurso a representações, mais ou menos “alarmistas” e “desajustados” da realidade, que permitam demonstrar a importância de serem tomadas “medidas urgentes e duras” contra o crime.“
“(...) existem, na verdade, várias “realidades criminais em Portugal (...) finalmente, aquela que consiste nos crimes que são divulgados pelos meios de comunicação social.
Esta última “realidade” constitui-se reconhecidamente como a que mais se afasta da criminalidade “real” na medida em que reflecte, invariavelmente, apenas os crimes mais “exóticos” ou aqueles que tiveram consequências mais espectaculares ou violentas. Como estes crimes são, por norma, excepcionais e estatisticamente irrelevantes, a “realidade” criminal mediática é, por esta razão, aquela que normalmente mais se afasta da criminalidade “real”.
Eduardo Viegas Ferreira, “ Crime e Insegurança em Portugal”, 1998
É elucidativo o facto de estas observações de Eduardo Viegas Ferreira, escritas em 1998, serem ainda hoje perfeitamente actuais e adaptavéis ao que se tem passado nos últimos 10 anos. Tendo estes excertos em conta, e sabendo também que é utópica, dentro do tempo e meios de que dispômos, toda a tentativa de abordar este tema na sua plenitude e de tirar conclusões que não pequem por fragilidade e falta de fundamento, definimos como principal objectivo para esta primeira etapa do Forum denunciar os mitos, acabar com os preconceitos acerca do tema da segurança, criados principalmente pela classe política e pela comunicação social. Pretendemos fornecer uma análise fria e objectiva dos factos, longe dos grupos de pressão e de interesses, sem fins políticos ou populismos, a qual esperamos que permita ao seguidor do Forum Política e Sociedade ter um primeiro contacto com certas vertentes que consideramos fulcrais no panorama desta importantíssima e tantas vezes descurada questão, pois mais que do isto revelar-se-á impossível, sendo nosso desejo que sirva de estímulo para uma pesquisa mais aprofundada e consistente.
“(...) existem, na verdade, várias “realidades criminais em Portugal (...) finalmente, aquela que consiste nos crimes que são divulgados pelos meios de comunicação social.
Esta última “realidade” constitui-se reconhecidamente como a que mais se afasta da criminalidade “real” na medida em que reflecte, invariavelmente, apenas os crimes mais “exóticos” ou aqueles que tiveram consequências mais espectaculares ou violentas. Como estes crimes são, por norma, excepcionais e estatisticamente irrelevantes, a “realidade” criminal mediática é, por esta razão, aquela que normalmente mais se afasta da criminalidade “real”.
Eduardo Viegas Ferreira, “ Crime e Insegurança em Portugal”, 1998
É elucidativo o facto de estas observações de Eduardo Viegas Ferreira, escritas em 1998, serem ainda hoje perfeitamente actuais e adaptavéis ao que se tem passado nos últimos 10 anos. Tendo estes excertos em conta, e sabendo também que é utópica, dentro do tempo e meios de que dispômos, toda a tentativa de abordar este tema na sua plenitude e de tirar conclusões que não pequem por fragilidade e falta de fundamento, definimos como principal objectivo para esta primeira etapa do Forum denunciar os mitos, acabar com os preconceitos acerca do tema da segurança, criados principalmente pela classe política e pela comunicação social. Pretendemos fornecer uma análise fria e objectiva dos factos, longe dos grupos de pressão e de interesses, sem fins políticos ou populismos, a qual esperamos que permita ao seguidor do Forum Política e Sociedade ter um primeiro contacto com certas vertentes que consideramos fulcrais no panorama desta importantíssima e tantas vezes descurada questão, pois mais que do isto revelar-se-á impossível, sendo nosso desejo que sirva de estímulo para uma pesquisa mais aprofundada e consistente.
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